... — Acredite: esse filme é do bem. Você já foi à Amazônia? Já esteve no meio de índios? Já tomou o chá dos índios?
— Eureka! Sabia que tinha bagulho no meio!
— Confesso que sou ligado numa mentalidade indígena. Não interessa se as suas divindades existem ou não: eles creem na natureza, como, aliás, também as culturas africanas, e essa reverência é salutar, e o conhecimento que eles tentam preservar tem um valor que só agora começa a ser reconhecido. Não são só os índios, mas qualquer grupamento cujos valores são destruídos. Se lembra da tal da lenda esquecida de que quando o mar recua ele depois volta com violência? Se ela tivesse se disseminado nas escolas do sudeste asiático, muita gente em vez de ficar imóvel, pasma, quando o mar recuou, teria se salvado, e não apenas aquelas da tal aldeia isolada onde este conhecimento permanecia. A tal da corrente sináptica da árvore das almas dos aborígines do filme é exatamente isso: a informação compartilhada entre as culturas, e não sua destruição em troca de dinheiro e poder, produz uma cadeia de conhecimento que leva a uma evolução em progressão geométrica. Essa evolução vem sendo refreada pelas contradições da natureza humana. Curiosamente, a palavra da moda, na internet, é compartilhar! Tou te dizendo, rapaz, a salvação virá daí, quando as sociedades tribais que se multipolarizam na rede se organizarem, como na revolta que acontece no planeta Pandora. A revolução final nascerá da canalização da informação e do conhecimento perdidos para a harmonia ecossocial...
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