Os livros de Thomas Berry, pensador americano que faleceu em agosto passado, inspiraram acadêmicos e ambientalistas a explorar a interligação da religião, da natureza humana e da ecologia. Apesar da ter formação católica e ser especialista em tradições religiosas, Berry preferia não ser designado como padre, mas antes de cosmólogo e “acadêmico da Terra”. Na verdade, largou a vida monástica para se dedicar ao estudo da História das Religiões e da Cultura.
Nos anos 80, escreveu uma série de livros onde relacionava a evolução cultural e espiritual com a história natural dos planetas e do universo. Michael Colebrook, um especialista da sua obra, explica os elementos chave do seu pensamento (na obra «Thomas Berry, Geologian»).
Primeiro, Berry sublinha o lugar primordial do universo: “O universo é a única realidade auto-referencial no mundo fenomenológico. É o único texto sem contexto. Tudo o resto tem de ser visto no contexto do universo". O segundo elemento é o significado da história, em particular do universo enquanto história. “A história do universo é a quintessência da realidade. Nós sentimos a história e organizamo-la na nossa linguagem. Os pássaros e as árvores organizam-na na sua própria linguagem. Tudo conta a história do universo porque esta está impressa em todo o lado e por isso é tão importante conhecê-la. Quem não conhece a história, num certo sentido não se conhece a si mesmo nem conhece nada”.
Thomas Berry foi a primeira e mais importante voz a descrever os resultados da profunda separação entre o ser humano e o mundo natural e do impacto que esse fenômeno tem no futuro da nossa espécie. O cosmólogo acreditava que a humanidade, depois de passar gerações a gloriar-se a si própria e a despojar o mundo, irá chegar a um ponto de equilíbrio e abraçar o seu papel como uma parte vital de algo maior – o Cosmos – onde a interdependência e a comunhão com os outros elementos que o constituem é essencial. O resultado disso será uma nova era, a que ele chama Era Ecozóica.
Da Religião à Ecologia
Thomas Berry foi ordenado padre em 1942 mas prosseguiu a vida académica, doutorando-se na Universidade Católica Americana com uma dissertação sobre Filosofia e História. Em 1948 mudou-se para a China para ensinar na Universidade Fu Jen, de Pequim. Com a ascensão de Mao Zedong viu-se obrigado a voltar para os Estados Unidos apenas um ano depois. Estudou língua e cultura chinesa na Seton Hall University, bem como sânscrito e cultura asiática na Universidade de Columbia. Foi também capelão do Exército norte-americano entre 1951 e 1954, na Alemanha.
Entre 1966 e 1979, ensinou na Fordham University, onde criou um doutoramento em História das Religiões. Alguns dos seus alunos fundaram um movimento focado nos temas da Religião e da Ecologia. Mais tarde, Berry organizou uma série de conferências internacionais com temas bastante provocatórios, entre elas, a que intitulou de «Energia e as suas dimensões cósmico-humanas».
Escreveu dois livros sobre religiões asiáticas – «Buddhism», 1966, e «Religions of India», em 1971. Contudo, tornou-se particularmente conhecido pelos seus livros sobre o lugar do ser humano no Cosmos, como é exemplo «The Dream of the Earth», de 1988. Outro dos seus livros mais conhecidos é «The Great Work: Our Way Into the Future», publicado em 1999.
Links:
http://www.thomasberry.org
http://www.earth-community.org
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