22.8.06

Odilon Redon




Nas artes visuais, os simbolistas trabalhavam com imagens resgatadas do imaginário mítico - como o sol, a lua, a caverna, o eremita, a criança e a árvore - e exploravam as potencialidades expressivas do traço e da cor. Odilon Redon é considerado um dos principais expoentes nessa linha. Desconhecido do mercado de arte até os 45 anos, foi descoberto pelo poeta simbolista Stéphane Mallarmé, quando passou então a ser reconhecido pela crítica e pelo público. A poesia, as religiões e os mitos orientais e clássicos, assim como a ciência, tiveram importante papel no aprendizado e na formação do artista, que desenvolveu uma iconografia muito peculiar.
Ao mesmo tempo em que mantém a marca de sua poética fantástica, vinculada ao mundo interior e onírico dos homens, a obra de Redon apresenta duas fases, separadas por uma forte mudança técnica e temática. Na primeira fase, ele usou o monocromatismo em suas gravuras e desenhos, realizados principalmente a carvão. O conjunto desses trabalhos ficou conhecido como os Negros, na medida em que eram construídos com a gama de cor dos negros mais escuros aos brancos mais luminosos. A temática desse período é a do sonho próximo ao pesadelo, em que há um mundo místico, fantástico, de horror e dor, com a presença do drama da morte (tema presente em outros artistas de nosso jogo, ver Ciclo da vida). Um exemplo dessa fase é Aranha, de 1881, e Le Juré: o sonho termina com a morte, de 1887. Na década de 1890, adotou as técnicas do pastel e da pintura à óleo, introduzindo a cor em sua obra. Nesta segunda fase, ele trabalhou com temas mais suaves, e suas criações continuaram a tratar de visões imaginárias, mas com estímulos menos dramáticos. O colorido de Redon é luminoso e muito peculiar, como podemos observar em Cíclope, de 1900, Bouddha, de 1910, e O Silêncio, de 1911.

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