20.8.08

A Questão do Mal

O traço comum de todo o mal é o "egoísmo". Toda a luta que se quer empreender contra o mal dá-se por meio da luta contra a tendência de se auto-centrar e focar somente os próprios interesses, em detrimento dos demais. Porém, nessa mesma luta há uma tendência que é pré-condição para o empreendimento da busca dos mundos superiores de uma forma moderna: com auto-consciência. Essa condição é o fortalecimento do Eu. Precisamos fortalecer algumas qualidades da alma que se parecem com aquelas inerentes ao egoísmo. A alma só pode elevar-se quando desenvolve essa força do Eu auto-enraizado. Assim o filósolfo Rudolf Steiner nos apresenta um aparente paradoxo: "as qualidades que infringem os princípios morais, são precisamente as que precisamos reforçar no caminho da percepção dos mundos do espírito". No entanto, só no mundo físico podemos encontrar condições que nos permitem superar o egoísmo. É altruísmo que precisamos desenvolver para quebrar o "hábito" do egoísmo tão profundamente arraigado, mas que foi necessário para desenvolvermos nossa auto-consciência. Paradoxalmente, é o fortalecimento de nosso Eu no mundo espiritual – entre a morte e um novo nascimento – que nos capacita a preparar uma encarnação no mundo físico onde podemos nos tornar tão altruístas quanto possível. Isso nos mostra que precisamos manter-nos conectados com o mundo físico, com o nosso carma – o nosso destino, pois só nele podemos nos aperfeiçoar. A fonte do mal dá-se quando deslocamos aquilo que é necessário para o mundo espiritual para as coisas da vida física.
Por Carlos Augusto Maranhão

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