O governo do Peru declarou como patrimônio cultural da nação os conhecimentos tradicionais e usos da ayahuasca praticados por comunidades nativas em sua floresta amazônica. A ayahuasca é mais conhecida no Brasil como Santo Daime. A decisão do governo peruano, assinada pelo diretor do Instituto Nacional de Cultura, Javier Ugaz Villacorta, foi publicada na edição de sábado de El Peruano, o diário oficial do país.
Na declaração de reconhecimento, o governo peruano afirma que a ayahuasca tem qualidades psicotrópicas, isto é, que atuam sobre o psiquismo, a atividade mental, o comportamento, a percepção, sendo conhecida no mundo todo como uma planta indígena que transmite sabedoria para os iniciados sobre os próprios fundamentos do mundo.
Também afirma que os efeitos produzidos pelo seu consumo é equivalente à entrada nos segredos do mundo espiritual. Segundo o Instituto Nacional de Cultura, o ritual da ayahuasca está se estabelecendo como o centro da medicina tradicional e é um dos pilares da identidade dos povos amazônicos, sendo o seu uso necessário e indispensável para todos os membros da sociedade amazônica peruana.
A ayahauasca é uma bebida obtida a partir do cozimento do cipó jagube (Banisteriopis caapi), conforme foto acima, com a folha chacrona (Psichotria viridis), na foto abaixo. Segundo o governo peruano, a ayahuasca conta com extraordinária história cultural em virtude de suas qualidades psicotrópicas.
Virtudes terapêuticas
O Instituto Nacional de Cultura assinala que o uso e resultados obtidos com ayahuasca são necessários para todos os membros das sociedades amazônicas em algum momento de suas vidas e indispensáveis para que assumam o papel de portadores privilegiados, seja através de comunicações com o mundo espiritual ou para os que se expressam plasticamente.
O governo peruano afirma que os efeitos que a ayahuasca produz têm sido amplamente estudados por causa de sua complexidade e são diferentes dos que usualmente produzem os alucinógenos.
- Parte dessa diferença consiste no ritual que acompanha seu consumo, que conduz a diversos efeitos, porém sempre dentro de uma margem culturalmente delimitada e com propósitos religiosos, terapêuticos e de afirmação cultural - afirma Javier Villacorta.
No entendimento do governo peruano, a prática de sessões rituais de ayahuasca constitui um dos pilares da identidade dos povos amazônicos e seu uso ancestral nos rituais tradicionais, garantindo continuidade cultural, está vinculado às virtudes terapêuticas.
- Busca-se proteção do uso tradicional e do caráter sagrado do ritual de ayahuasca, diferenciando-o de usos ocidentais descontextualizados, consumistas e com propósitos comerciais - assinala a declaração do Instituto Nacional de Cultura.
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