Desenho de Silvia Figueiredo
"Nossa mais elevada tarefa deve ser a de formar seres humanos livres, que sejam capazes de, por si mesmos, encontrar propósito e direção para suas vidas".
Rudolf Steiner
A Pedagogia Waldorf é o maior movimento educacional independente do mundo. Foi idealizada pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner, e a 1ª escola a utilizá-la foi fundada em 1919 em Stuttgart, na Alemanha. É apontada pela UNESCO como sendo uma pedagogia capaz de responder aos desafios educacionais, principalmente nas áreas de grandes diferenças culturais.
Podem existir Escolas Waldorf onde quer que pais e professores queiram fundar uma escola na qual as crianças possam ser educadas de modo a desenvolver-se de forma sadia, tornar-se independentes e capazes de assumir responsabilidades. Nas Escolas Waldorf, não há discriminação de ordem social, racial, religiosa ou de nacionalidade. Elas estão presentes tanto na Namíbia como em Manhattan, em favelas da América do Sul e em Helsinque, na Tanzânia e nas novas democracias da Europa Oriental, no Nepal, na Índia, no Japão e muitas outras regiões. Enfim, trata-se de uma pedagogia que pode adaptar-se a qualquer cultura.
A cada ano, o movimento Waldorf é mais difundido e vem se expandindo com mais força. Já há mais de 880 escolas, 1.700 jardins de infância, 550 centros terapêuticos, 68 centros de treinamento de professores, em mais de 80 países dos 5 continentes. No Brasil, há 16 escolas Waldorf, sendo 4 em São Paulo (3 com ensino médio), e 36 Jardins de Infância. A mais antiga, fundada em 1956, é a Escola Waldorf Rudolf Steiner (em São Paulo), que tem cerca de 900 alunos e 80 professores. Agregado a ela, há o curso mais antigo de formação de professores Waldorf no Brasil, reconhecido oficialmente. Para saber mais sobre estas escolas acesse o site da Federação das Escolas Waldorf no Brasil (www.federacaoescolaswaldorf.org.br).
Todo esse crescimento da Pedagogia Waldorf explica-se em função de seu currículo vivo, dinâmico e integrado, assim como por sua preocupação com o desenvolvimento global dos alunos, suas diferenças individuais e a ênfase em ajudá-los a descobrir suas capacidades e realizar seu potencial. Esse currículo é desenvolvido em bases antropológico/antroposóficas, tendo em vista a evolução física, emocional e espiritual do ser humano.
Dois pontos principais diferenciam as Escolas Waldorf de outras escolas: o sistema de gestão e o método pedagógico. Na verdade esses dois pontos se fundem e os sistemas de gestão e pedagógico atuam em direção ao mesmo fim, ou seja, no desenvolvimento de adultos livres, criativos e com energia para buscar a realização de seus ideais. Adultos portanto capazes de mudar a sociedade para melhor, conforme façam uso do seu livre-arbítrio.
Sistema de gestão associativo
Foto: Valéria
As Escolas Waldorf não se constituem em iniciativas privadas, inseridas no sistema econômico como empresas do setor educacional ou como cooperativas de ensino, nem são, salvo raras exceções, ligadas ao ensino público. Na maior parte das vezes, as escolas são geridas por uma associação sem fins lucrativos, formada pelos próprios pais e amigos da escola que não se tornam “donos” da escola, nem mesmo em sistema cooperativo. Isso confere liberdade aos pais e professores, na definição das prioridades de ensino, e insere os pais no dia-a-dia da escola, o que é benéfico para a educação dos filhos e benéfico para a “educação” dos pais. Toda Escola Waldorf tem como princípio a ativa participação dos pais na vida escolar de seu filho, formando uma verdadeira comunidade escolar e atuando como polo cultural.
Método Pedagógico - o desenvolvimento harmonioso da criança como princípio Veja fotos
Foto: Lou Gold
O método pedagógico (assim como o sistema de gestão) utilizado nas Escolas Waldorf baseia-se numa visão ampliada do ser humano e seu desenvolvimento. A criança é em si mesma um ser em desenvolvimento. A partir deste ponto de vista, toda a atividade pedagógica deve observar dois aspectos: que o desenvolvimento vem do passado e vai até o futuro, e que a criança se transforma ao longo deste processo; e que a criança que está diante de nossos olhos se encontra numa das etapas dessa transformação. Quanto aos aspectos individuais das crianças, consideram-se, profundamente, os temperamentos e as maneiras de ser de cada indivíduo.
O desenvolvimento infantil é considerado segundo características próprias de cada fase da vida. Não se trata também de construtivismo (as semelhanças, aqui, limitam-se ao aspecto desenvolvimentista). Na Pedagogia Waldorf a divisão é feita em setênios. Em cada setênio (0-7, 7-14, 14-21 anos), considera-se que a criança aprende de uma maneira diferente.
Portanto, não se generaliza a criança como receptora de um volume maior ou menor de “conteúdos de ensino” que a levariam, no futuro, a competir por essa ou aquela posição no mercado de trabalho. O tema e a matéria do ensino devem orientar-se, por um lado, para os conhecimentos que a criança deve ter para a vida, mas, por outro, deve levar em conta o efeito que essa matéria produz no desenvolvimento psicológico da criança e o momento em que isso deve acontecer de acordo com a sua idade.
Os conteúdos necessários para atuação profissional e para os concursos vestibulares são oferecidos, normalmente, durante cada setênio. A maneira como se ministram esses conteúdos é que depende do setênio em que a criança está inserida. Não se adiantam conhecimentos porque considera-se que isso não traz nenhuma “vantagem competitiva” para as crianças e porque, adiantando-se conteúdos, pode-se deixar de oferecer vivências importantes, necessárias a cada setênio ou etapa da vida. Isso implica dizer, em resumo, que as diferentes capacidades das crianças precisam ser desenvolvidas na época apropriada, sob pena de estarmos submetendo-as a um processo de maturação demasiado precoce, com conseqüências preocupantes no nível orgânico e emocional.
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